Arte em movimento: o que a SP–Arte revela para além das paredes brancas
Entrar na SP–Arte é, antes de tudo, atravessar um portal. Não apenas físico — aquele traçado icônico do Pavilhão da Bienal — mas sensorial, quase metafísico. Lá dentro, o tempo desacelera, o olhar se aguça, e o silêncio ganha textura. Adriana Pedroso, fundadora da Masqué, esteve presente na 21ª edição da feira, reafirmando a conexão profunda entre arte, design e o gesto artesanal — valores que norteiam cada criação da marca.
A atmosfera era pulsante. Mesmo diante de um cenário global cauteloso, a feira seguiu viva, provocativa, cheia de tensões criativas. É curioso como, em momentos de retração, a arte se impõe com ainda mais força. Talvez porque ela nunca tenha sido sobre estabilidade, e sim sobre movimento.
E é exatamente esse movimento que inspira. Galerias consagradas, espaços emergentes, obras raras e propostas inéditas se encontravam em uma coreografia visual que revelava muito mais do que estética — revelava intenções. A pluralidade era visível, não apenas nos suportes e nas técnicas, mas nos corpos, nas histórias e nas vozes que compunham o circuito. A arte brasileira, diversa e resiliente, ganhava protagonismo sem pedir licença.
Para Adriana, caminhar por esse universo foi como retornar ao ponto de partida da Masqué: a matéria como extensão do gesto, o detalhe como linguagem, o objeto como símbolo. Ver, escutar, perceber. Cada obra ali exposta carregava algo do que buscamos em nossos pares: autenticidade, permanência e um certo mistério que não se entrega de imediato. A SP–Arte segue sendo isso — um território onde o valor não se mede apenas por cifras, mas pela capacidade de afetar. Um espaço onde o olhar de quem cria encontra o olhar de quem sente. E onde, acima de tudo, arte e vida se entrelaçam.